Biografia
Jean Piaget iniciou sua extensa biografia no dia 9 de agosto
de 1896 (data de seu nascimento), em Neuchâtel, na Suíça. Seu pai (Arthur Jean
Piaget), um calvinista convicto, era professor universitário de Literatura
medieval na Universidade de Neuchâtel. Desde criança interessou-se por mecânica,
fósseis e zoologia. Jean Piaget foi uma criança precoce, tendo publicado seu
primeiro artigo sobre um pardal albino aos 11 anos de idade. Esse breve estudo
é considerado o início de sua brilhante carreira científica. Aos sábados, Jean
Piaget trabalhava gratuitamente no Museu de História Natural.
Jean Piaget freqüentou a Universidade de Neuchâtel, onde
estudou Biologia e Filosofia. Ele recebeu seu doutorado em Biologia em 1918,
aos 22 anos de idade.
Após formar-se, Jean Piaget foi para Zurich, onde trabalhou
como psicólogo experimental. Lá ele freqüentou aulas lecionadas por Jung e
trabalhou como psiquiatra em uma clínica. Essas experiências influenciaram-no
em seu trabalho. Ele passou a combinar a psicologia experimental - que é um
estudo formal e sistemático - com métodos informais de psicologia: entrevistas,
conversas e análises de pacientes.
Em 1919, Jean Piaget mudou-se para a França, onde foi
convidado a trabalhar no laboratório de Alfred Binet, um famoso psicólogo
infantil que desenvolveu testes de inteligência padronizados para crianças.
Jean Piaget notou que crianças francesas da mesma faixa etária cometiam erros
semelhantes nesses testes e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve
gradualmente.
O ano de 1919 foi um marco em sua vida. Jean Piaget iniciou
seus estudos experimentais sobre a mente humana e começou a pesquisar também
sobre o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento de
Biologia levou-o a enxergar o desenvolvimento cognitivo de uma criança como
sendo uma evolução gradativa.
Em 1921, Jean Piaget voltou à Suíça e tornou-se diretor de
estudos no Instituto J. J. Rousseau da Universidade de Genebra. Lá ele iniciou
o maior trabalho de sua vida, ao observar crianças brincando e registrar
meticulosamente as palavras, ações e processos de raciocínio delas.
Em 1923, Jean Piaget casou-se com Valentine Châtenay uma de
suas ex-alunas, com quem teve três filhas: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e
Laurent (1931). As teorias de Jean Piaget foram, em grande parte, baseadas em
estudos e observações de seus filhos que ele realizou ao lado de sua esposa. Em
1929, Jean Piaget aceitou o posto de diretor do Internacional Bureau of
Education e permaneceu à frente do instituto até 1968. Anualmente ele
pronunciava palestras no IBE Council e na International Conference on Public
Education, nos quais ele expressava suas teses educacionais.
Enquanto prosseguia com suas pesquisas e publicações de
trabalhos, Jean Piaget lecionou em diversas universidades européias. Registros
revelam que ele foi o único suíço a ser convidado para lecionar na Universidade
de Sorbonne (Paris, França), onde permaneceu de 1952 a 1963.
Em 1964, Jean Piaget foi convidado como consultor chefe de
duas conferências na Cornell University e na University of California. Ambas as
conferências debatiam possíveis reformas curriculares baseadas nos resultados
das pesquisas de Jean Piaget quanto ao desenvolvimento cognitivo. Em 1979, ele
recebeu o Balzean Prize for Political and Social Sciences.
Até a data de seu falecimento, Jean Piaget fundou e dirigiu
o Centro Internacional para Epistemologia Genética. Ao longo de sua brilhante
carreira, Jean Piaget escreveu mais de 75 livros e centenas de trabalhos
científicos.
Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicólogo e filósofo
suíço, conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil.
Jean Piaget passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com
crianças e estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande
impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.
Jean Piaget morreu em Genebra, em setembro de 1980 (com 84
anos).
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- A teoria de Piaget
sobre a Linguagem e o Pensamento das crianças (por Vygotsky)
A psicologia deve muito a Jean Piaget. Não é exagero
dizer-se que ele revolucionou o estudo da linguagem e do pensamento infantis,
pois desenvolveu o método clínico de investigação das idéias das crianças que
posteriormente tem sido generalizadamente utilizado. Foi o primeiro a estudar
sistematicamente a percepção e a lógica infantis; além disso, trouxe ao seu
objeto de estudo uma nova abordagem de amplitude e arrojo invulgares. Em lugar
de enumerar as deficiências do raciocínio infantil quando comparado com o dos
adultos, Piaget centrou a atenção nas características distintivas do pensamento
das crianças, quer dizer, centrou o estudo mais sobre o que as crianças têm do
que sobre o que lhes falta. Por esta abordagem positiva demonstrou que a
diferença entre o pensamento das crianças e dos adultos era mais qualitativa do
que quantitativa. Como muitas outras grandes descobertas, a idéia de Piaget é
tão simples que parece evidente. Já tinha sido expressa nas palavras de
Rousseau, citadas pelo próprio Piaget, segundo as quais uma criança não é um
adulto em miniatura e o seu cérebro não é um cérebro de adulto em ponto
reduzido. Por detrás desta verdade, que Piaget escorou com provas
experimentais, esta outra idéia simples — a idéia de evolução, que ilumina
todos os estudos de Piaget com uma luz brilhante. No entanto, apesar de toda a
sua grandeza, a obra de Piaget sofre da dualidade comum a todas as obras
pioneiras da psicologia contemporânea. Esta clivagem é correlativa da crise que
a psicologia está atravessando à medida que se transforma numa ciência no
verdadeiro sentido da palavra. A crise decorre da aguda contradição entre a
matéria prima factual da ciência e as suas premissas metodológicas e teóricas,
que há muito são alvo de disputa entre as concepções materialista e idealista
do mundo(...).
O seu livro, escreve ele, é, antes do mais, e acima de tudo,
uma coleção de fatos e documentos. Os elos que unem entre si os diversos
capítulos são os elos fornecidos por um método único a várias descobertas e de
maneira nenhuma os de uma exposição sistemática (29) (29, p. 1). Na verdade, o
seu forte consiste em desenterrar novos fatos, analisá-los e classificá-los
penosamente, quer dizer, na capacidade de escutar a sua mensagem, como dizia
Claparède. Das páginas de Piaget cai uma avalanche de grandes e pequenos fatos
sobre a psicologia infantil. O seu método clínico revela-se como uma ferramenta
verdadeiramente inestimável para o estudo dos todos estruturais complexos do
pensamento infantil nas suas transformações genéticas. É um método que unifica
as suas diversas investigações e nos proporciona um quadro coerente,
pormenorizado e vivo do pensamento das crianças. Os novos fatos e o novo método
conduzem-nos a muitos problemas; alguns são inteiramente novos para a
psicologia científica, outros aparecem-nos a uma luz diferente. Os problemas
dão origem a teorias, apesar de Piaget estar determinado a evitá-las atendo-se
estreitamente aos fatos experimentais — e passando, de momento, por cima do
fato de que a própria escolha das experiências é determinada por certas
hipóteses. Mas os fatos são sempre examinados à luz de uma qualquer teoria, não
podendo por conseguinte ser totalmente destrinçados da filosofia. Tal é
particularmente verdade para os fatos relativos ao pensamento. Para
encontrarmos a chave do manancial de fatos coligidos por Piaget teremos que
começar por explorar a filosofia que está por detrás da sua investigação dos
fatos — e por detrás da sua interpretação, que só é exposta no fim do seu
segundo livro (30), num resumo do conteúdo. Piaget aborda esta tarefa
levantando a questão do inter-relacionamento objetivo de todos os traços
característicos do pensamento infantil por ele observados, serão tais traços
fortuitos e independentes, ou formarão um conjunto organizado, com uma lógica
própria, em torno de um fato central unificador? Piaget crê que assim é. Ao
responder à pergunta, passa dos fatos á teoria e incidentalmente mostra o
quanto a sua análise dos fatos se encontrava influenciada pela teoria, muito
embora, na sua exposição, a teoria venha a seguir aos fatos. Segundo Piaget, o
elo que liga todas as características específicas da lógica infantil é o
egocentrismo do pensamento das crianças. Ele reporta todas as outras
características que descobriu, quais sejam, o realismo intelectual, o
sincretismo e a dificuldade de compreender as relações, a este traço nuclear e
descreve o egocentrismo como ocupando uma posição intermédia, genética,
estrutural e funcionalmente, entre o pensamento autístico e o pensamento
orientado. A idéia de polaridade do pensamento orientado e não orientado tomada
de empréstimo à psicanálise. Diz Piaget: O pensamento orientado é consciente,
isto é, prossegue objetivos presentes no espírito de quem pensa, É inteligente,
isto é, encontra-se adaptado a realidade e esforça-se por influenciá-la. É
suscetível de verdade e erro ... e pode ser comunicado através da linguagem(...).
Embora Piaget nunca tenha apresentado esta concepção de uma
forma coerente e sistemática, é ela a pedra de toque de todo o seu edifício
teórico. É certo que por mais de uma vez ele afirma que o pressuposto da
natureza intermédia do pensamento infantil e uma hipótese, mas também diz que
tal hipótese está tão próxima do senso comum que lhe parece pouco mais
discutível do que o próprio fato do egocentrismo infantil. Segue os traços do
egocentrismo na sua evolução e até a natureza da atividade prática da criança e
até ao posterior desenvolvimento das atitudes sociais. Antes desta idade,
Piaget tende a ver o egocentrismo como algo que impregna tudo. Considera direta
ou indiretamente egocêntricos todos os fenômenos da lógica infantil na sua rica
variedade. Do sincretismo, importante expressão do egocentrismo, diz
inequivocamente que impregna todo o pensamento da criança, tanto na sua esfera
verbal, como na sua esfera sensorial Após os sete ou oito anos, quando o
pensamento socializado começa a ganhar forma, os traços egocêntricos não
desaparecem instantaneamente. Desaparecem das operações sensoriais da criança,
mas continuam cristalizados na área mais abstrata do pensamento puramente
verbal. A sua concepção da predominância do egocentrismo na infância leva
Piaget a concluir que o egocentrismo do pensamento se encontra tão intimamente
relacionado com a natureza psíquica da criança que é impermeável à experiência.
As influências a que os adultos submetem as crianças.
Esta passagem resume a natureza dos pressupostos básicos de
Piaget e conduz-nos ao problema geral das uniformidades sociais e biológicas do
desenvolvimento físico, a que voltaremos na seção III. Em primeiro lugar,
examinemos a solidez da concepção de Piaget do egocentrismo da criança à luz
dos fatos em que se baseia.”
Lev Vygotsky no livro “Pensamento e Linguagem”
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pesnsamento e Linguagem. Edição
eletrônica: Ed Ridendo Castigat Mores. (www.jahr.org) 2. A teoria de Piaget sobre a linguagem e o pensamento das crianças.
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/vigo.html#ind5
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