terça-feira, 26 de novembro de 2013

Paulo Freire

Biografia

Paulo Reglus Neves Freire, educador brasileiro. Nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco.
Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. Pelo mesmo motivo, sofreu a perseguição do regime militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio.
O educador apresentou uma síntese inovadora das mais importantes correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão foi aliada ao talento como escritor que o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos.
A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.
A carreira no Brasil foi interrompida pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Acusado de subversão, ele passou 72 dias na prisão e, em seguida, partiu para o exílio. No Chile, trabalhou por cinco anos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Nesse período, escreveu o seu principal livro: Pedagogia do Oprimido (1968).
Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard (Estados Unidos), e, na década de 1970, foi consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional a governos de países pobres, a maioria no continente africano, que viviam na época um processo de independência.
No final de 1971, Freire fez sua primeira visita a Zâmbia e Tanzânia. Em seguida, passou a ter uma participação mais significativa na educação de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. E também influenciou as experiências de Angola e Moçambique.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil, onde escreveu dois livros tidos como fundamentais em sua obra: Pedagogia da Esperança (1992) e À Sombra desta Mangueira (1995). Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, foi secretário de Educação no Município de São Paulo, sob a prefeitura de Luíza Erundina.
Freire teve cinco filhos com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Após a morte de sua primeira mulher, casou-se com uma ex-aluna, Ana Maria Araújo Freire. Com ela viveu até morrer, vítima de infarto, em São Paulo.

Doutor Honoris Causa por 27 universidades, Freire recebeu prêmios como: Educação para a Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos Continentes (da Organização dos Estados Americanos, 1992).
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Emilia Ferreiro sobre Paulo Freire:

"E falando em alfabetização de adultos no Brasil é impossível ignorar a enorme contribuição de Paulo Freire que permitiu recuperar certas dimensões do processo de alfabetização que não tinham sido focalizadas convenientemente. Em especial as dimensões sociais e a dimensão política do processo de alfabetização. E graças a difusão internacional do pensamento de Paulo Freire hoje em todos os fóruns internacionais é sabido que não é possível prescindir do pensamento latino-americano sobre a alfabetização.
E gostaria de encerrar esta apresentação, esta conversa com vocês, lendo alguns trechos do que eu disse no México em 1997, numa homenagem a Paulo Freire logo depois de sua morte. Algumas das coisas que eu disse são as seguintes:
Quero prestar homenagem a um homem que foi coerente toda a sua vida. Alguém que nunca escreveu para transmitir desânimo, pessimismo, abatimento. A um lutador incansável, a um lutador que busca o diálogo e talvez por isso concedeu tantas entrevistas durante sua intensa vida. Numa das entrevistas que deu em janeiro de 1996 a pessoa que faz a entrevista lhe pergunta: “Então Paulo, você está a favor do diálogo e ao mesmo tempo a favor da luta?” e Paulo responde: “Sim. Alguns pensaram que por defender o diálogo eu negava o conflito. Não, jamais neguei o conflito. O conflito está aí, e é fundamental no desenvolvimento e no processo histórico. A luta me faz, a luta me constitui, a luta me forma. Ela é pedagógica.” E acaba falando: “Só que como a luta é histórica, as formas de lutar também mudam”.
Em outra ocasião em que o escutei falar novamente sobre a luta, disse: “Acho que não há nada sem ousadia, uma dose de insensatez é absolutamente fundamental numa pedagogia da indignação que é a pedagogia que venho defendendo neste país sob outros nomes”.
Então a pedagogia da indignação em 1987 não é, por acaso, a pedagogia dos oprimidos em 1970? Da liberação, da conscientização, da esperança em 1992? Da autonomia em 1996?
Talvez todos esses nomes designam a mesma coisa, numa visão essencialmente dialética do ato educativo, porque a indignação anda de mãos dadas com a esperança e com a necessidade de uma utopia.
A pessoa lhe pergunta: “Paulo, você ainda sonha?” Ele responde: “Sim sonho. Eu sonho no mínimo com que não seja possível dizer que não é possível sonhar.” Isso ele falou aos 74 anos. Creio que essa mensagem de luta, essa mensagem da necessidade de enfrentar o discurso economicista da impossibilidade é cada dia mais necessário e mais difícil construir, porém a globalização apresentada como único sistema possível impede de pensar e contra isso estava Paulo, estou eu, e espero que estejam vários de vocês."

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=zeFogTRJiOs

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